Teu corpo delicado e sem labéu
estremece a tossir... Freme em delírios...
Os teus olhos chamejam como círios...
Claros círios ardendo-se pro céu...
Como o luar que em tudo põe o véu,
recobre-te uma palidez de lírios...
E as minhas horas tensas, de martírios,
cirandam como o vento em escarcéu.
A tua boca em descorado tom...
O teu sorriso cristalino e bom...
Não sei pra que anjos afinal sorri!
Alheia à minha ânsia angustiante,
tão perto estás... E também tão distante,
como se já não fosses mais daqui...
(Paulo Maurício G Silva)
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Tenho tanto sentimento Que é freqüente persuadir-me De que sou sentimental, Mas reconheço, ao medir-me, Que tudo isso é pensamento, Que não senti afinal. Temos, todos que vivemos, Uma vida que é vivida E outra vida que é pensada, E a única vida que temos É essa que é dividida Entre a verdadeira e a errada. Qual porém é a verdadeira E qual errada, ninguém Nos saberá explicar; E vivemos de maneira Que a vida que a gente tem É a que tem que pensar.
Fernando Pessoa
Fito o infinito do infinito da luz
Percorro com olhares indiscretos
A nudez do tempo inexato e vasto.
Então! Cuido desse universo deserto.
Seminua escolho o som do vento.
Embriago-me de teu néctar azul.
Cheiro a flor de jasmim - do seu jardim.
Danço contornando seu corpo exato.
Uso as pernas como coreografias silentes.
Parada eu faço uma dança sensual lilás.
Mas o que me apraz mesmo é te olhar.
Olhar-te sem receios, olhar-te sem pudor.
Enquanto dou voltas sigo seu desejo
Desejo-te sem pressa, sem hora marcada
Danço com o infinito, o infinito da luz.
A dança que faço para você agora.
Soraia
Estou retornando e hoje posto uma poesia de Soraia Santiago, bjus amiga.
Mergulho fundo nas suas músicas certas.
Velejo em tuas palavras frias e obsoletas.
Esfrio ao te ver olhando para ela, aquela.
E assim me vejo em plena roda viva.
Um vilão fantasiado de cenas surreais.
Alguém me disse que você é bem real.
Mas é inevitável sentir que não o vejo.
Mesmo assim desejo-te sem um aval.
Assim vou seguindo teus passos. Passos largos.
Envolvo-te em meus laços vagarosamente.
Uso palavras coloquiais, uso palavras normais.
Visto-me de palhaço e faço-te sorrir levemente.
Conheço as propostas dita a elas. Não sinceras.
Prefiro o vento norte na boca do vento.
O meu amor por você vai se tornando forte.
Mas temo a morte, essa que vai me levar.
Tento de todas as maneiras não te perceber,
A sorte torna-me escrava, vejo-te imparcial.
E percorro o tempo só para te encontrar.
As horas passam sem sentido. Tempo crucial.
Soraia